novelos soltos, emaranhados, organizados, escondidos, fiapos da vida......

novelos soltos, emaranhados, organizados, escondidos, fiapos da vida......
convido-os a desenrolar alguns fios reais e ficcionais

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

REAL - Ensinando português

Vovô viu a uva.

Oras...
por que não colocamos um pouco mais de graça nesta história?

A   uVa   Viu   que   VoVô   a   Viu.   Mas   VoVó   foi  mais  Veloz e VUPT ... a   uVa  foi    deVorada  com   Voracidade.  Viu?
ops. Foi tão rápido que caiu a dentadura.
Hoje, 14 de março, vi outra no facebok do Miau Carraro e pedi a permissão dele para inserir aqui:
Viajando de volvo, o vovô viu a vulva da vovó 
e disse: Meia volta volver! 
Miau Carraro

FICÇÃO - buraco negro

Foi no buraco negro dessa vida
que encontrei, para minha sorte,
seu par de olhos me encarando!

(sinceramente, estava arrumando meu blog e revendo algumas postagens guardadas e não lançadas
e achei isso. Não lembro se copiei de alguém para postar ou se fui eu quem escreveu. 
Caso tenha algum dono, por favor, me procure)

REAL - Mito de Procusto

Ainda bem que a gente vai crescendo e aprendendo a olhar com nossos próprios olhos e a pensar com nossa própria cabeça.
Se as pessoas ficassem apenas acreditando no que os pais, escola, religião, amigos, chefes e outras pessoas e instituições falam; sem pensar sobre o assunto, seríamos robozinhos inertes.
Mas somos HUMANOS.
Posso e DEVO pensar sobre as coisas. DEVO ouvir os outros pontos de vista para formar o MEU! (aconselho a leitura do texto do Dawkins sobre crenças)
Enfim, este preâmbulo é para falar do Mito de Procusto.
Quando criança, na escola, a professora contou a história e nos mostrou como é interessante sermos todos iguais: Termos os mesmos direitos, fazermos as mesmas coisas. Pois seríamos uma unidade. Uma sociedade JUSTA.
Na época, como toda criança ingênua, eu acreditei e achei isso formidável!
Hoje, sou a favor da DIVERSIDADE e do RESPEITO.
Sou mulher, branca, heterossexual, tenho inseguranças, tenho necessidades... e PRECISO acreditar (e não só acreditar, mas lutar) por um mundo mais justo.

Vamos lá. Para quem não conhece o Mito:
Procrusto era um bandido que vivia na serra de Elêusis. Ele tinha uma cama que tinha seu exato tamanho, e "convidava" os viajantes a se deitarem. Caso fossem demasiados altos, ele amputava o excesso (pés) para ajustá-los à cama. Já os que tinham menor estatura eram esticados até atingirem o comprimento suficiente.

Talvez vocês conheçam a imagem de Procusto:

Antes de fazer algumas reflexões sobre o que esta história nos traz, devo dizer que, "reza a lenda", Atena, a deusa da sabedoria, incomodada pelos gritos das vítimas resolveu tomar uma providência e foi falar com Procusto. Mas ficou sem palavras (pelo jeito ela não era tão sábia assim) quando ele argumentou que estava fazendo justiça, afinal sua cama nada mais fazia que acabar com as diferenças. Como ela se silenciou, ele interpretou como sinal de aprovação do que fazia e assim continuou.

Ora, já falei aqui no blog algumas vezes sobre a questão da interpretação. Interpretamos as coisas como queremos. Lemos as pessoas como desejamos. De acordo com nossas bondades ou ruindades. E o silêncio muitas vezes é visto como aprovação. Mas sei de pessoas ditas inteligentes que se silenciam perante os burros teimosos mas não significa que estão aprovando as ideias destes.

Vejamos como este mito é pernicioso no sentido de provocar a ideia de igualdade:
Uma pessoa religiosa quer que os outros "fiquem na sua cama".
Uma pessoa vegetariana quer que os outros "fiquem na sua cama".
Um homofóbico quer que os outros "fiquem na sua cama".

Espero, sinceramente, que as pessoas pelo menos parem para pensar. Que consigam ter um mínimo de empatia. Que parem de tentar adivinhar o motivo de alguém estar falando ou sentindo alguma coisa e aceitem a diversidade (não preciso ser igual a você para sermos amigos). Que sejam mais generosos. Por falar em generosidade, na primeira vez em que fui ao Rio cheguei a ver o profeta Gentileza. E garanto que ele me impressionou muito.
Gosto (por natureza) de fazer surpresinhas para variadas pessoas diferentes. Gosto de ajudar no que posso. Se alguém vê isso como interesse, sinceramente, é um problema dessa pessoa. Mas estou fazendo a minha parte: seguindo minha personalidade.
Não aceito injustiças, gosto de fazer as pessoas pensarem, PRECISO acreditar em mudanças e tento fazer o possível para provocá-las.
Caso você também pense assim, convido a visitar um blog que está tentando fazer a diferença: ADONAI SANT' ANNA
(basta clicar no nome que abre a página para o blog). Junte-se a nós.
Permita que gigantes e anões convivam pacificamente e com direitos iguais.
 

REAL (parecendo ficção) - Declaração de amor tardia

Sim, eu sei que é tarde demais...

Eu até dizia que lhe amava, em palavras e gestos... mas nunca declarei o que realmente amava em você. Em NÓS.

Sim, eu sei que é tarde. Mas preciso dizer ao mundo que o amor existe. Preciso dizer a você cada coisinha que amava em você. Em NÓS.
O primeiro bolo que dei.
Primeiro, mas não o mais importante: amo seus olhos. Eles vibram em uma intensidade que nunca vi antes, principalmente quando vc me falava de suas paixões. Eu ficava embevecida, observando o castanho, o marrom-esverdeado-dourado, os filetes marinos pelos quais escorriam notas musicais suaves destas paixões.

Eu amo suas mãos. Grandes e fortes, que tinham a leveza certa ao percorrer meu corpo.
Eu amo seu peito, grande o suficiente para aconchegar meu corpo pequeno. Adorava passear meus dedos por entre os pelos salpicados de pimenta e sal.


Eu amava seus raros abraços, amava cada conchinha noturna e diurna que me abrigava do mundo, fortalecia minhas ideias e acariciava meus sentimentos.
Amava acordar ao seu lado, e observar você dormindo; ou acordar e ver vc me olhando.
Amava suas brincadeiras de fingir que estava dormindo e que havia se estendido até para o meu lado da cama (enquanto eu tinha dado uma saída). Quando eu voltava para a cama e via você assim, eu sempre ria com isso. Adorava esta brincadeira.
Amava ver seu sorriso quando me fazia rir. E como ri com vc. Também chorei com vc e por vc, mas o riso é mais fácil de lembrar.
Ah! Já que estou falando dos momentos e deixei seu corpo de lado, eu amava TODOS os momentos de conversas. Amava quando você ia tomar banho. Eu logo ia atrás, me sentava lá e a conversa fluia como a água. Adorava ver você se ensaboando, se lavando e fazendo gracinhas ou apenas conversando.
Amava quando, depois de fazermos um sexo gostoso, você ia buscar suco ou biscoito na cozinha. Comer e conversar: tão bom! Você andando pelo quarto ou ao lado da janela, em contraste com o céu laranja ao fundo. Amava ouvir você. Ouvir suas histórias, seus conhecimentos. Bebia de tudo. Sei que minha memória não é boa e que muita coisa eu não lembrava depois. Perdoe-me. Sei que isso o irritava. Mas garanto que adorava cada momento desse. Amava quando eu dizia que estava caindo de sono e você, sem um pingo dele, me cobria e ia trabalhar lá na sala.
Amava deitar no seu lado da cama, no inverno, para esquentar para vc e quando ficava brabo com isso porque não queria que eu fosse para o meu lado gelado. Mas era tão bom poder me encostar em você e nos esquentávamos juntos (meus pés sempre gelados).
Amava acordar antes de você e conseguir sair do quarto sem lhe acordar, ir comprar coisinhas na panificadora, voltar, preparar uma bandeja e levar para o quarto. Então me sentava junto com vc e tomávamos o café, conversando.

Amava quando você comprava tudo que eu gostava e abastecia sua casa para me receber. Nunca faltaram sorvete, biscoitos, chocolates, e - principalmente - café com leite (mesmo vc nunca tomando café).
Amava sua preocupação em saber se a água do chuveiro estava quente para mim, ou quando comprava aquecedor pensando na mulher friorenta que sou.
Amei aquele dia que você me deu uma florzinha. A única vez que me deu uma flor (mesmo sendo retirada da rua).
Amava quando vc me dava presentinhos surpresa, como o imã com desenho de Escher (fita de Moebius), o gato lendo (de madeira), os cristais, os livros, CD´s, os DVD´s, o chinelo, os vestidos...
Amava ver filmes com você, e quando me deixava cruzar as pernas em cima das suas, ou ficar de mãos dadas vendo o filme.
Quando você ia buscar o cobertor e o travesseiro lá em cima, para vermos os filmes na sala.  
Amava os jantares, os almoços, os passeios.

Ah! as caminhadas nas quadras próximas de sua casa, tão bom andar com você, conversar sobre coisas, filmes, etc.
Amava a sua paciência em parar e me deixar fotografar tudo que queria. Paciência que nem todos têm. Mas você gostava, esperava e sempre pedia para ver as fotos (elogiando muitas delas) e me dizia que gostava disso.

Amava sua bondade como aquela vez que comprou a comida para aquele cãozinho na rua, porque eu pedi para comprar. 
Amava  cada saída nossa, pois você sempre dava a mão. Fosse na rua, no shopping, nossas mãos estavam sempre juntas. Como eu gostava disso!
Amei aquele dia no zoo, a borboleta, o tubarão.
Amei aquele passeio noturno de carro (inesquecível, porque único na minha vida).
Infelizmente vc não gostava de carícias leves, preferia mãos mais pesadas. Eu gostava tanto de acariciá-lo, mas você sentia cócegas e pedia para eu pegar mais firme.
Amava seu jeito brincalhão, as trapalhadas que você fazia! O vidro quebrado com a bexiga d´água, o papel alumínio em volta da cabeça, o pirulito em formato de *** que você mastigou e de madrugada achou pedacinhos. Oi, Homer! O fogo queimando diversas coisas, o cinzeiro que você explodiu, a máscara do V na rua, as suas palhaçadas gostosas, os foras que dava. 
Gostava de fazer surpresas para você. O esquilo pendurado no espelho do banheiro, os chocolates escondidos, os DVD´s dos filmes que você comentava que tanto queria (e eu encomendava), os CD´s de músicas (idem), as roupas, os chinelos, os livros. Pena que você esquecia que eu havia dado de presente  (isso me deixava um pouco triste). 
Amava as promessas de viagens, de presentes, de passeios, de andar de kart, de voltar ao zoo, de ir para Morretes... pena que ficaram só nas promessas.
Lembra daquele dia do barulho no quintal? E era só uma galinha e seus filhotes. O pato que apareceu. O gato de um dia.
Amava as possibilidades de fazermos várias coisas juntos. Adorava as ideias trocadas de cinema, de música, de artigos, de um canto no mato (no futuro), de um apartamento só nosso. Nossos planos de fotos, de livros.
Amei cantar. Amei escrever.
Amava quando se preocupava em limpar BEM o quarto para não me dar bronquite, limpando cada cantinho mínimo dele. Amava sua preocupação com roupas de cama macias e gostosas para nós.
Amava quando fazia ovo mexido e me servia. Quando cozinhava para mim (huumm aquele peixe).
Amava ir de ônibus no inverno gelado de Curitiba, até sua casa, levando de surpresa, bolinhos, docinhos, frutas, agasalhos e remédios nas vezes em que você estava doente (de cama). Ia, via você dormindo (beijava), deixava as coisas por lá (meias, ceroulas de lã) e ia embora sem acordar você ou o garoto. Voltava para casa feliz por ter feito algo para você! 
Amava as possibilidades de tanta coisa que poderíamos fazer... ser... viver...
Amava lembrar do nosso re-encontro tão "impossível", de cada troca de conversas. Ria (e ainda rio) ao lembrar de cada detalhe dele. Amava seu jeito paciente de me explicar as coisas, que depois foi sumindo comigo, mas que eu ainda via quando vc estava com alunos. Não gostava de suas explosões de humor. Nunca estava preparada para estas surpresas (ou quando você me provocava de propósito - não entendia o porquê disso, se você dizia que gostava de mim).
Amava quando elogiava meu jeito de me vestir, de caminhar, de ser. Quando dizia que gostava de meu estilo.
Adorei me esconder no armário do hotel e deixar você me procurando. Passar aquele final de semana em um hotel aqui na cidade mesmo.
Puxa. Amo você. Acho que este amor vai continuar dentro de mim para sempre. Sei que não existe mais a possibilidade (claro que sei, afinal fui eu quem terminou, por causa de suas mentiras. Elas mataram o básico de um relacionamento: respeito e admiração). Que nunca mais haverá o NÓS. Que é tarde.
Mas no fundo, não é tarde. Nunca é tarde para uma declaração de amor. O amor deve ser mostrado. Por mais que nunca mais se realize fisicamente, ele sempre existirá no meu coração. E isso basta para mim (foram dois anos de namoro).

Obrigada por tudo que fez de bom. Sinto pelas coisas erradas que fizemos. Mas garanto que não me arrependo de nada, pois este amor que tenho dentro de mim...
...continuará dentro de mim, vibrando, multicolorido, pululando em notas musicais... para sempre.

NAMASTÊ!
(texto: Susan Blum. Fotos: com exceção da última, Susan Blum)

domingo, 24 de fevereiro de 2013

FICÇÃO - a terceira margem do trilho

Um dia K. resolveu que não viveria mais com a família. Eles moravam ao lado dos trilhos e ele foi, muito lentamente, até a terceira margem. Sua esposa gritava para que ele ouvisse:
— "Cê vai, ocê fique, você nunca volte!"
K. acenou para os filhos e lá ficou. Na terceira margem do trilho.
Dia após dia um dos filhos levava comida que deixava em um dormente. Mas na terceira margem ele ficava, 
protegido, pois os trens
que passavam nunca o pegavam.
Os filhos começaram a imaginar uma vida com ele, que nunca aconteceu. Tão lenta, tão devagar,
quanto a terceira margem do trilho.
Todos da família foram indo embora. Ele ficando, ficava. Um dos filhos resolveu ali ficar também, sem saber se K. gostava
de alguém ou só dele mesmo.
Um dia, cansado por ele, o filho alegou que ficaria no seu lugar. Gritou que saísse da terceira margem. Que a vida estava gasta. Que não valia mais a pena. Que todos tinham ido embora e já morrido.
K. o ouviu e resolveu voltar. Estava em uma das margens,
quando ouviu o apito do trem.
Só teve tempo de voltar a cabeça para ter sua última visão.
 
(uma pequena homenagem ao Guimarães Rosa) 

sábado, 23 de fevereiro de 2013

REAL - (ficção histórica) - extra! extra! Noviça Rebelde 2

Extra! Extra! 
 Iniciaram as gravações de Noviça Rebelde 2.
Após 40 anos de casados, e com mais 3 filhos que tiveram juntos, a noviça resolve se rebelar. Separou-se de Von Trapp ao descobrir que na verdade ele matou a esposa Agathe para ficar com a fortuna herdada por ela do pai, que foi o inventor do torpedo.
Ela se divorcia e retorna ao convento, promovendo shows musicais junto com a freira Whoopi, mudando de hábitos.
Além do marido assassino ela não aguentava mais ver a família se desmoronando depois de brigas pelo dinheiro dos shows Von Trapp. Liesl acabou procurando o rapaz pelo qual se apaixonou na guerra e que tinha virado nazista. Após dez anos de casamento, ela confessou ao marido que sempre amou ao pai e mantinha relações com ele. O marido, com suas tendências violentas, iniciou uma série de surras domésticas que acabaram por matá-la.
Friedrich se mudou para a Austrália e virou traficante de drogas. Um dia, drogado, foi nadar no mar, e acabou assassinado por um golfinho chamado Flipper. Louisa foi para o Hawaii e virou uma piranha bem conhecida.
Kurt iniciou  um trabalho com software, mas acabou virando político, para desgosto dos pais.
Brigitta iniciou um trabalho com fotografia, mas começou a beber e acabou perdida no espaço.
Marta virou esquiadora profissional, mas quebrou a perna e acabou se viciando em remédios. Abriu uma loja de restauração de móveis para ficar cheirando cola.
Gretl virou professora, mas também se perdeu no espaço, mesmo tendo uma cachorra chamada Lassie.
Ou seja: NENHUM filho se arranjou na vida e isto foi decisivo na separação e retorno ao convento.
Última foto da família, antes da separação.
Por fim, a constatação: a família Von Trapp virou num trapo!
Ah! E o torpedo é moda hoje em dia, nos celulares.
(Texto: parte real, parte ficcional: Susan Blum. Imagens: internet)

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

REAL - empatia com a desconhecida

Como sempre, viajo 4 horas por dia nos ônibus de Curitiba e vou me amalgamando em comentários alheios.
Desta vez não teve como não sentir empatia por uma mulher que conversava com a amiga:

- Não entendo porque os homens mentem. Tão simples dizer a verdade! Veja só: ele dizia que adorava o meu jeito de me vestir: feminino, mas sem ser periguete. Que adorava o fato de não me demorar com maquiagens, que eu tinha o rosto limpo e puro de um anjo. Que eu não ficava pintando as unhas com cores fortes ou escandalosas. Que era uma pessoa doce, pois fazia surpresas e era carinhosa. Que eu tinha o corpo perfeito, mais lindo que muitas mocinhas.
Pois bem. Termina comigo para ficar com uma periguete que se veste de forma espalhafatosa, que pinta as unhas de cores brilhantes, usa sapato de salto. Tudo que ele condenava nas outras mulheres! Dá para entender?
Daí comecei a namorar outro cara. De novo elogiava meu jeito de ser, dizia que gostava de meu jeito carinhoso, mas ao mesmo tempo com personalidade, que eu era bonita mesmo sem maquiagem, que as mulheres não sabiam andar de salto (eu sim), que eu escrevia bem, falava bem. Que eu era magra e que ele tinha nojo de mulheres mais gordinhas. Que eu sabia guardar dinheiro, não era como ex-namoradas dele que sempre dependiam do dinheiro dele. Que gostava de tudo em mim. Que me amava.
Mas ele terminou comigo e disse que NÃO queria mais ninguém, porém descobri que está com uma gordinha desempregada que fala e escreve errado e se maquia feito uma P... (tiro aqui o palavrão usado por ela).
Não entendo!
POR QUE eles não me falavam que queriam que eu me pintasse? POR QUE não falavam o que não aprovavam em mim?
POR QUE mentiam?
Quer saber? Desisto! Chega de homens. Eles são muito mentirosos e no fundo não sabem o que querem! Basta ter B... (de novo retiro a palavra usada por ela) para eles enfiarem o P (mais uma vez retiro a palavra) Acho que é só isso que eles querem!
 
Elas descem do ônibus, mas a pergunta continua ecoando dentro de mim, sem resposta:  
"é... Por quê?" 

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

REAL - um caso de autoestima.

Ela chegou através da nutricionista do posto de saúde.
Era para ser um caso de obesidade, mas claro que a teia de relações não permite um atendimento com visão fechada!
Fiquei pensando em como poderia ajudar e lembrei das aulas de psicomotricidade.
Desenhar o próprio corpo em um folha de bobina comprida, tentando imaginar-se deitada ali.
Depois fazer a paciente se deitar sobre o desenho e fazer o contorno do corpo com giz de cera de outra cor. Finalmente discutir sobre como ela se via e como realmente era.
Primeiro ponto a ser observado: ela fez um contorno bem mais "gordo" do que ela realmente era. Ela se espantou com isso.
Segundo ponto a ser considerado: em todo o desenho o que mais sobressaia eram os ombros muito mais largos que ela "se deu".
Pergunto a ela se faz alguma ideia de porquê se colocou com ombros tão largos.
Reflexão dela por uns minutos de silêncio que respeito (sempre respeitei muito mais o silêncio do que o mero matraquear).
Então, começam, aos poucos, a sair algumas lembranças e histórias dela. "Sabe, sempre namorei rapazes mais novos" "ou problemáticos". "Meu noivo era surdo". "Minha mãe nunca aceitou nenhum namorado meu". "Sempre tive problemas em casa com meus pais" "sempre tive que trabalhar para sustentar..." e assim vem, em uma enxurrada, várias histórias e recordações.
Por fim, aproveitando um momento de silêncio dela, olho para o desenho, que fixei na parede ao meu lado, retorno meu olhar para ela e digo: "sabe, você não precisa carregar tudo isso".
Ela desata a chorar, logo pego a caixa de lenços de papel da gaveta e empurro para ela, deixando que nova cachoeira se evapore.

Os próximos encontros foram muito mais fáceis. Ela emagreceu bastante. Ficou feliz. 
E, ao final da terapia (depois de meses), me segredou o que fez com o desenho que havia me pedido, ao fim daquela consulta: grudou-o na geladeira, para sempre lembrar porque comia tanto.
Parece que funcionou.
  (história real, parte de minha atuação como psicóloga 
em um Posto de Saúde de Curitiba - imagens: internet)
  

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

REAL - (ficção histórica) - Rei Ricardo III encontrado onde hoje é um estacionamento.

Novela Rei Ricardo III (em alguns capítulos)
(música do plantão Nacional da TV)
 
E a novidade é que o esqueleto encontrado em um estacionamento de Leicester (centro da Inglaterra) é mesmo o do rei Ricardo III, morto em 1485 >> http://abr.io/Enzl

O tirano corcunda foi imortalizado por Shakespeare por ter matado seus dois sobrinhos para virar rei. Os cientistas esperam que a descoberta possibilite uma nova visão sobre seus dois anos de reinado.


 Início da novela: Acharam o Rei Ricardo III ! ! ! Foi encontrado em um estacionamento. Dizem as más línguas que ele estacionava nos lugares apropriados para deficientes, até que um deles se revoltou, o matou e escondeu o corpo.
 
A polícia está observando as câmeras de vigilância do local para obter mais informações!
 
Anunciada nova novela brasileira: um dos sobrinhos de Ricardo III, que ele mandou matar, sobreviveu ao ataque (ajudado pelo criado Édipo) e se escondeu até conseguir matar o tio, anos depois!

Procon informa: O estacionamento no qual estava o corpo de Ricardo III entrou com processo na justiça para cobrar dos herdeiros o estacionamento indevido do corpo. "A vaga foi dele por 500 anos" - diz o advogado do estacionamento. "Imagina a conta".
 



Retorno da novela: esta será mais uma linha de investigação para a polícia... pode ser que os donos do estacionamento tenham feito isso!
 

Comentário do delegado Mauricio Aleixo:  Me parece que arrancaram um dente dele na pancada!
Pessoas comentando no ônibus: pelas últimas informações que ouvi, a polícia encontrou um dente no bolso de um mendigo próximo do local. Mas ele diz que estava dormindo na hora do crime...

Jornal Gazeta do Povão: Segundo relato de testemunhas Ricardo foi visto jogando o dentinho da torre Sul, pedindo para a fada a monarquia. 

Pessoas comentam nas ruas: "Quanto ao dente no bolso do mendigo, tenho certeza que o Rei foi espionado quando jogava o dentinho no telhado para ganhar presentinho. Mendigo é uma raça esperta! Tão esperta que não paga aluguel, impostos e nem dão esmolas!"
 
Saiu na rádio Cultura FM: O dentista do Ricardo terceirinho procurou a polícia para avisar que ele perdeu este dente por causa dos inúmeros doces que ele roubava das criancinhas! Mais um delito pesa sobre ele!
Chamado para entrevista no Fátima Bernardes, o psiquiatra Dr. Fingirmo Q. Froide y Vortemo afirma: Rei Ricardo III padecia de um grave distúrbio medular que provocava a tirania. "Tirano mesmo!!!! Onde já se viu um rei "tirano" doce de criancinhas! Imagine o que ele faria com os filhos dos seus oponentes!"

 

Retorno da novela: Nova virada na história! Uma testemunha (que não quer se identificar) garante ter visto o tal dentista por perto do local onde dormia o mendigo. Será que o dentista "plantou" o dente nele? Mas por que o dentista iria dizer que o Ricardo terceirinho perdeu o dente com doces?
 (Foram utilizados efeitos sobre a foto, para quadricular o rosto da testemunha
 e ela não ser identificada)

(nova musiquinha do plantão)
Caramba.... esta história não termina! Acabou de dar no plantão de notícias que o dentista tem filhos cadeirantes. Mais um problema na investigação da polícia...
Reconstituição do crime: estão convocando pessoas com escoliose severa para colaborar na reconstituição do crime.
 
Nova guerra é deflagrada: habitantes de Leicester reivindicam os restos mortais do rei (por causa do turismo), já os moradores de York  também disputam pelos restos mortais. Isso tudo NÃO é amor pelo antigo monarca, mas sim por questões econômicas! O mundo está preocupado com possível guerra civil.
 
Revista Velha: Nova descoberta! Parece que o Rei e seu criado, Édipo eram amantes. Foi encontrada uma foto do rei no bolso do casaco do criado, que foi exumado para averiguações.
 
Anos após, surge um fato que sai na revista super interessante:  na terra que cobria o corpo do monarca Ricardo III, e que foi jogada no terrreno baldio próximo, nasceu um roseiral com flores surpreendentes.
 
(texto: Susan Blum - com exceção do início, totalmente ficcional. Imagens: internet)
(Agradeço a participação de Mauricio Aleixo)

REAL (?) - Aniversário Julio Cortázar!

PARABÉNS, JULIO!
Dia 26 de agosto de 2013! É aniversário de Julio Cortázar. Um escritor que ADORO, pois promove reflexões, buscas, indagações. Mexe fundo na alma da gente, brinca com os sentimentos, produz borbulhar de emoções.
O amor, a paixão, o ludismo, a brincadeira, a pesquisa, o pensar, o olhar mais arguto... tudo que gosto, encontro neste escritor!
Assim, minha singela homenagem ao homem das letras saltitantes!
Osvaldo e Feuille Morte mandam lembranças viscosas!
Cortázar! Pequenos presentes de aniversário para você!
Um beijo da Circe!
Julio, hoje seu estômago será tomado por bolos! Parabéns! De Irene e seu irmão!
Muito jazz para você, irmão cronópio! Louis.
Amor, para lembrar de nossa viagem. Beijos, Carol.
Senhor Cortázar, agradeço por ter descrito
minha maior solidão!
Feliz aniversário! Robinson e Sexta-Feira.
 Parabéns, Julio! Continue observando
e colocando em prosas! Enguias e Moebius!
Julio! Muitas felicidades, é o que desejam
todos os passageiros no navio!
Enxergue direito, Julio! Mando um bolo para você,
com muitas "babas del diablo".
De todos nós, cronópios, para você, Julio!
Catala trégua espera
Enfim... todos do Jogo da Amarelinha mandam
este bolo para você, Julio!

domingo, 3 de fevereiro de 2013

FICÇÃO - chá

Despertou com um gosto forte de roxo vidro na boca. Olhou ao redor e viu uma imensa floresta que provocou cócegas nas pontas dos dedos. Ouviu o som dos animais como água gelada percorrendo o corpo. 
Pegou delicadamente uma flor azul e logo vieram lágrimas aos seus olhos pois uma sensação de  felicidade profunda a tomou. 
Para tentar parar o choro, levantou-se e, apesar de sentir um fedor imenso ao pisar em cada grama, foi até um riacho ali próximo. 
Sentou-se em uma pedra que a abraçou em amarelo e ficou ouvindo a conversa dos peixes que bebericavam um chá duro e rosado
Uma fórmula matemática pulou do riacho para seu colo. Era macia e carinhosa. Com um ronronar profundo que lhe provocava arrepios verdes.
Com a fórmula no colo, levantou-se e deixou que o vento a levasse para cima de uma árvore. Coberta por lagartas multicoloridas que lançavam dardos de fogo perfumado.
Sentia-se alerta, mas ao mesmo tempo com sono. Porém sabia, de algum jeito que não entendia bem, que não devia adormecer. Se dormisse, jamais conseguiria sair dali.
Tinha certeza que não havia adormecido, mas um assobio morno se insinuou pela coluna, saindo de seu reto e enveredando até chegar como um sopro gritante em sua nuca.
Flocos de rosas, vermelhos e marrons pululavam nas cordas vocais, brincando de bater no tímpano.
Cócegas nos pulmões foram ficando cada vez mais fortes. Então ela pulou da árvore, ferindo seus pés na grama que alfinetava cada dedo, trazendo um azedo aos olhos.
Viu uma xícara jogada na grama e correu até ela. Ali, aconchegada pela maciez e calor da xícara, enrolou-se e adormeceu, sentindo que uma flor branca e doce nascia em seu cabelo.
E acordou em casa, depois de ter tomado o chá verde que seu irmão mais velho lhe havia dado, antes de ser levado ao hospício.
(Texto: Susan Blum. IMAGEM: Catrin Welz-Stein)