novelos soltos, emaranhados, organizados, escondidos, fiapos da vida......

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convido-os a desenrolar alguns fios reais e ficcionais

sábado, 23 de março de 2013

FICÇÃO - Um encontro-cronópio



Paris!
Cidade dos escritores.
Eu queria passear por todos os cantos e recantos que Cortázar escreveu/pisou. Por onde começo?
Parece a angústia do início da escrita.
Será que vou para as ruas buscar o moteca-motoqueiro? 
Ou vou procurar o apartamento que a mocinha dos coelhinhos ficou? Ou sigo os gatos pelas ruas, flanelando como Flanele?
Resolvo ir atrás do realmente desconhecido: o axolote!
Vou ao Jardim das Plantas, onde sei que 
tem um aquário cheio deles.

Lembro do conto de Cortázar. Essa história sempre me arrepiou.
Perder a identidade. Ser o outro. Procuro pelo labirinto de vidro e água e finalmente os encontro.
Lá estão eles.
Na frente do aquário vejo um gigante barbudo os observando. 
Meu coração dá um salto!
É ele! Mas antes que me aproxime, ele se volta, lacônico, e sai.
Não quero incomodá-lo como uma dessas fãs chatas que perseguem o seu ídolo. Deixo-o em paz.
Paro então na frente do aquário e observo estas criaturas curiosas.
Uma delas, em particular, parece me encarar.
Seus olhinhos de ouro penetram de forma fria o meu espírito. Parece um pedido de socorro!
Não entendo este sentimento. Continuo a observar o bichinho. 
Suas brânquias se movendo. O olhar dourado inquieto, suplicante. 
E finalmente compreendo.
É ele! Julio ficou ali, preso.
 Preso dentro de mim...

(Texto: Susan Blum. Fotos: internet)

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